Celebrando o mês da Bíblia, neste
domingo (12) de setembro aconteceu na Capela do Marabá uma Gincana Bíblica com
as crianças e adolescentes da catequese. Entre as diversas provas estava o
estudo dos Atos dos Apóstolos e arrecadação de alimentos que será revertido
para algumas famílias da comunidade. As crianças participaram de maneira empolgada
dedicando-se ao máximo nas provas principalmente na arrecadação dos alimentos,
teatro bíblico e paródia. Obrigada as catequistas e a todos da Capela que
prepararam com muito carinho essa tarde de estudo e recreação. A as crianças pelo
envolvimento e dedicação em todas as atividades.
A
leitura orante da Bíblia é um alimento necessário para a nossa vida espiritual.
A partir desta oração, conscientes do plano de Deus e sua vontade, podemos
produzir os frutos espirituais em nossa vida.
Conforme
apresenta o Documento de Aparecida, “a Leitura orante, bem praticada, conduz ao
encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias, à
comunhão com Jesus-Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do Universo”
(DA 249). Portanto, a meditação da Palavra deve nos levar a conhecer melhor
Jesus, para poder amá-lo, segui-lo e anunciá-lo.
A partir
daí entendemos que o comprometimento com a evangelização perpassa pela
experiência de Deus mediante o contato sistemático com a Palavra.
Através
da experiência pessoal e comunitária de escuta e de obediência à Palavra, somos
capazes de deixar-nos envolver pelo plano amoroso e libertador de Deus.
O
Concilio Vaticano II no Decreto Apostolicam Actuositatem já dizia que “só pela
luz da fé e meditação da Palavra de Deus, pode alguém reconhecer sempre e em
toda parte a Deus no qual “vivemos, nos movemos e existimos” (At. 17,28),
procurar em todas as circunstâncias a Sua vontade, ver Cristo em todos os
homens [...]” (AA 4).
Toda
leitura orante da Palavra tende a nos conduzir à oração. Orar é, em primeiro
lugar, um relacionamento amoroso e gratuito com Deus. A autêntica oração é
sempre união e intimidade com o Deus Criador. E os frutos desta oração se
manifestam ao longo da vida. A oração nos traz de novo a sensibilidade humana,
muitas vezes, esquecida em nosso cotidiano. Quem ora se compromete, quem ora
entende a dor e o sofrimento do outro. É impossível rezar e ficar de braços
cruzados, sem perceber o sofrimento de tantos irmãos sofredores. A oração
conduz a um apostolado fecundo.
A
leitura da Palavra de Deus só tem sentido na medida em que nos leva ao encontro
com Cristo, aprofunda nossa união com Ele, e nos leva a retratar em nossa vida
a sua palavra e as suas atitudes, para que nós sejamos cada dia mais discípulos
e missionários dele no mundo de hoje. Esse é o verdadeiro sentido da leitura
orante da Palavra de Deus.
Dia oito de setembro, a Igreja
celebra a Festa da Natividade de Nossa Senhora, Maria nasce imaculada e pura
para merecer ter em seu seio o próprio Deus Encarnado, Jesus Cristo, salvação
da humanidade que veio da humilde serva do Senhor. E nós Irmãs de Cristo Pastor
juntamente com a festa Natividade de Nossa Senhora celebramos o dia Nossa
Senhora Pastora. Como lemos no sermão de Santo
André de Creta:
“Convinha
que a esplendorosa e surpreendente vinda de Deus aos homens fosse precedida por
uma alegria especial que nos preparasse para o dom grandioso e admirável da
salvação. Este é o significado da festa que hoje celebramos, porque o
nascimento da Mãe de Deus é o princípio desses bens prometidos, princípio que
terá o seu termo e conclusão na predestinada união do Verbo com a carne. Hoje
nasce a Virgem Maria; será amamentada e crescerá, preparando se deste modo para
ser a Mãe de Deus, Rei de todos os séculos. Esta é uma solenidade de confins
entre o Antigo e o Novo Testamento: a verdade substitui os símbolos e as
figuras, e a nova aliança substitui a antiga.Cantem e exultem todas as
criaturas e participem condignamente na alegria deste dia. Juntem se nesta
celebração festiva os céus e a terra, tudo o que há no mundo e acima do mundo.
Porque hoje é o dia em que o Criador do universo edificou o seu templo; hoje é
o dia em que a criatura prepara uma nova e digna morada para o seu Criador”.
Dos
Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Sermão 1: PG 97, 806-810-Sec. VIII)
.Celebrando a festa da Natividade
de Nossa Senhora, somos convidados a
contemplar Maria, imitando as suas sublimes virtudes, como modelo de fé e de
amor a Cristo e aos irmãos.
Peçamos a Deus que nos eduque na
escola de Maria para que a seu exemplo sejamos testemunhas da Palavra na
simplicidade e disponibilidade.
Conserva-nos
sempre no teu regaço Mãe de amor eterno! E ensina-nos a ser mais como Tu, a
entregarmo-nos totalmente ao amor, a Deus...
Nossa Senhora Pastora, Maria, Mãe amada
de Jesus Cristo, o Bom Pastor. Seu exemplo nos motiva a segui-Lo, buscando
realizar sua Vontade.
Ensina-nos ó Maria, a sermos sensíveis
e perceptíveis às necessidades do Povo, em tudo orientando-os, para que cresçam
no conhecimento e na intimidade a Jesus Cristo, por meio da Palavra de Deus e
da Oração.
Olhai para nós, vossas filhas e filhos
com compaixão e ternura maternal. Intercedei ó Maria Pastora, para que sigamos
sempre os passos de Jesus, o Bom Pastor, atentos a Sua voz, que nos chama e nos
envia a manifestar seu amor a toda a humanidade.
Rogue ao Filho que suscite vocações
para a Pia União das Irmãs de Cristo Pastor e para a Igreja. Que dê
perseverança, fidelidade e santidade às Irmãs. Intercedei ó Mãe por nossos
familiares, amigos e bem-feitores.
A
expressão Leitura Orante (Lectio Divina), significa: leitura divina, leitura
orante, leitura lenta e atenta da Palavra de Deus. É uma maneira orante de
fazer a Leitura da Bíblia, dialogando com Deus a partir de sua Palavra.A Leitura Orante da Bíblia para ser
bem feita, exige atenção, disciplina, assiduidade, humildade, gratuidade e
prontidão para acatar os ensinamentos divinos. E ainda, atenção ao método
proposto (leitura, meditação, oração e contemplação).
A
Leitura Orante não é estudo e nem experiência extraordinária. É um modo orante
de ler a Bíblia, para “escutar o
que Deus tem a lhe dizer, conhecer a sua vontade e viver
melhor o evangelho de Jesus
Cristo”.(Frei Carlos Mesters).
É
colocar-se a disposição de Deus: “Fala
Senhor que teu servo escuta”. (1 Sm 3,10).“Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. (Lc1,38).
1.1
CONHECENDO A HISTÓRIA
Para os judeus, é a obediência à Palavra de Deus que
garante o cumprimento da promessa: bênção, terra, e descendência. Israel é
convidado a ouvir o Senhor e amá-lo, obedecendo e praticando todos os seus
estatutos (Dt 6,4, Dt 30,11-14; Ex19, 8; Ex 24,7). A Palavra era para ser
meditada, rezada e ensinada, estando no coração e na mente. Deveria ser escrita
na entrada das casas para que o povo nunca deixasse de meditar. (Dt 6,1-13). Os
judeus entendiam que a Torá era a presença de Deus no mundo e que deveria ser
experimentada pela oração, meditação e contemplação (Ne 8,1-12), pois é através
da meditação que o povo descobre a vontade de Deus em seu dia-a-dia. (Js 1,8;
Sl 1,2).
O Novo Testamento relata a relação profunda de Jesus
com as Sagradas Escrituras, a tal ponto de assumir a Palavra de Deus em sua
vida e missão. Para ele a Palavra tem que ser atualizada no hoje da história
(Sl 21 (22); Lc 4,16-30; 24,13-35; At 8,26-40). A Igreja primitiva, a exemplo
de Jesus, continuou a rezar e a praticar a Palavra, e ainda, pela ação do
Espírito Santo, foi capaz de interpretá-la e reescrevê-la a partir de Jesus Cristo;
a Palavra Encarnada, (Jo 1,14), Nele
se cumpre toda a escritura (Lc 4, 20).
Os Santos Padres, dentre eles se destaca Orígenes,
assumiram a prática da Igreja primitiva, de fazer uma Leitura Orante da
Palavra, e assim, difundiram aos fiéis. Para eles “a Leitura Divina supõe
escuta e resposta”. Outro grupo importante pela prática da Leitura Orante são
os monges. Eram assíduos na meditação, vivendo na intimidade com Deus por meio
da Palavra.
Infelizmente, ouve um período, a partir do século
VIII, em que o povo não teve mais acesso mais Palavra, passando a conhecê-la
quase que unicamente por meio da História Sagrada e das pinturas dos vitrais
das Igrejas. Entretanto, a Bíblia continuava sendo lida e meditada nos
monteiros. Entretanto, a Leitura Orante,
como é conhecida hoje, com seus quatro passos: leitura, meditação, oração e
contemplação, foi sistematizada no século XII, por um monge Cartuxo, chamado
Guido II da ordem cisterciense.
Lamentavelmente,
na Idade Moderna, aconteceu outra crise de ruptura com a Bíblia, tudo passa a
ser interpretado à luz da razão, ou de modo oposto, no fundamentalismo e
sentimentalismo. Porém, Deus que jamais abandona o seu Povo, por meio de seu
Espírito Santo, mobilizou a Igreja através do Vaticano II para que retornasse as
Sagradas Escrituras (DV21-26). Daí pra cá, a Igreja tem conclamado os fieis
para se aproximarem mais da Bíblia, conforme recomendou a Conferência de
Aparecida: “entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe
uma privilegiada à qual somos convidados: a Lectio Divina ou exercício da
leitura orante da Sagrada Escritura. Essa leitura bem praticada conduz ao
encontro de Jesus Mestre” (DA 249). Também o Sínodo da Palavra lembra aos fiéis
a importância de desenvolverem uma intima relação com a Palavra. Cada Igreja
particular tem se empenhado em realizar atividades que concretizem esse
projeto, como tem feito a Arquidiocese de Londrina, que vem estimulado muito a
Leitura Orante da Palavra, através da oração pessoal e comunitária, também, por
meio de retiros, encontros de capacitação da Leitura Orante, reuniões dos
Grupos Bíblicos de Reflexão, Escolas Bíblicas e Teológicas.
1.2Os quatro
passos da Leitura Orante segundo Guigo II
No século XII, o monge Guigo II, enquanto fazia
trabalhos manuais, trazia consigo uma escada. Pediu a Deus que lhe desse a
graça de subir até Ele, assim como se sobe em um andaime, foi então, que teve
uma visão, na qual, viu uma escada com quatro degraus que chegava até Deus,
chamada “escada espiritual”, ou “escada dos monges”, onde cada degrau estava
interligado com o outro, sendo que o primeiro degrau era sustentado pela
Palavra. Os degraus eram: leitura,
meditação, oração e contemplação. A base da escada unia a terra ao céu,
chegando até Deus. Na escada de Guido cada degrau precede e depende do outro,
nenhum pode subsistir sem o outro. Assim
acontece com a leitura, meditação, oração e contemplação.
A leitura oferece o material para a meditação. A assimilação da meditação leva a
oração e a oração provoca a contemplação, segundo a qual, o fiel passa a ver o
mundo com os olhos de Deus, ou seja, se compromete, tornando-se discípulo
missionário.
Leitura
(Lectio): É o primeiro degrau da
escada. Ela se propõe a responder a seguinte questão: O que o texto diz em si? É um processo lento, onde o leitor
precisar ler várias vezes o texto, até se familiarizar com a Palavra, sendo
capaz de contar espontaneamente o texto lido. Nesse passo, recomenda-se que se
observe as palavras chaves, os verbos, as palavras repetidas, podendo grifar a
expressão que mais chamou a atenção. Ao ler o texto sagrado não se pode
desconsiderar o contexto em que foi escrito. Faz-se necessária uma leitura
atenta e lenta para não manipular o texto, considerando os três níveis:
literário, histórico e teológico.
“No
nível literário vai-se analisar o
texto, descobrindo a sua relação com o contexto literário. Algumas perguntas
podem ajudar como: Quem? O que? Por quê? Quando? Como? Com que meios? Como o
texto se situa dentro do contexto literário do livro de que faz parte? No nível histórico vai-se buscar conhecer
o contexto nos aspectos: político, social, econômico, ideológico, afetivo,
antropológico e outras. Procura-se descobrir quais os conflitos que estão por
traz do texto ou nele se refletem para, assim, perceber melhor a encarnação da
Palavra de Deus na realidade conflitava humana, tanto do povo do Bíblia como
nossa. No nível teológico vamos
procurar saber o que Deus tinha a revelar naquele tempo e como o povo
respondia, assumia e celebrava a Deus. Busca-se o sentido de cada palavra.
Aconselha-se a usar alguns recursos como: comentários, notas de rodapé,
dicionário”... Depois de se ter obtido todas essas informações, quando se sente
interrogado pela Palavra, então chegou o momento de se passar para o segundo passo.
Meditação (Meditatio): É o segundo degrau da escada orante, o momento de
atualizar a Palavra. A Leitura Orante, é como um espelho, que reflete o passado
no presente, no chão concreto do dia-a-dia. A meditação busca uma resposta
iluminadora para a vida a partir do próprio texto sagrado. “O que o texto me (nos) diz hoje”? Propõe-se uma reflexão profunda, e interpeladora
como fez Maria (Lc 2,19. 51). A Palavra faz uma conexão entre o texto e a vida,
entre nós e Deus. Algumas perguntas
podem ajudar como: “Qual é para mim a idéia e o valor fundamental do texto
lido? Por que é importante? O que me sugere e como me questiona? Com qual
personagem me identifico? Que sentimentos e atitudes me transmitem? Como posso,
com esses pensamentos, iluminar minha vida? Trata-se de deixar que a Palavra
penetre profundamente na intimidade do meu coração, e depois mobilizar todas as
energias para confrontar-se, ir dentro da Palavra e converter-se a ela. A
meditação indica o esforço que se faz para atualizar o texto e trazê-lo para
dentro do horizonte da vida e realidade, tanto pessoal como social”. Outro modo
de meditar é “ruminar” a Palavra, repetindo várias vezes o versículo que mais
chamou a atenção, saboreando-a até que ela ilumine a missão (Ez 3,1-3). A
meditação nos ajuda a compreender, pela ação do Espírito Santo, o próprio Deus
(2 Tm 3,16), e a entender o sentido pleno da Palavra (Jo 16,13). Quando a
Palavra provoca desejo de falar com Deus, então chegou o momento de subir mais
um degrau.
Oração
(Oratio): É o terceiro degrau.
Acontece quando se é capaz de perceber a luz da leitura e meditação os apelos
de Deus. É quando a Palavra lida e meditada provoca um diálogo com Deus. “O que o texto me (nos) leva a dizer a
Deus”? É o momento de resposta, de
confrontação entre o projeto divino e a fragilidade humana. Os questionamentos
feitos pela Palavra se tornam oração, motivo de louvor, súplica, ação de
graças, arrependimento. A oração faz voltar a Deus o que ele mesmo disse pela
Palavra e pela ação do Espírito Santo. Ela se insere na própria vida. O que se
vive torna-se conteúdo da oração e expressão do amor de Deus. A oração leva à
ação e a ação leva à oração (Lc 10, 29-42). Entretanto, os momentos reservados
são essenciais para um encontro íntimo e profundo com Deus que se revela na
Palavra e na vida humana. Toda a oração deve ser movida pela Palavra, deve-se
falar com Deus a partir do texto. Quando as palavras se esgotam e brota no
coração o desejo de ficar calado diante de Deus, apenas deixando-se ser amado
por ele, então está na hora de passar para o passo seguinte.
Contemplação
(contemplatio): Éo último degrau da escada. Para a
tradição da Leitura Orante, a contemplação é o ápice, o ponto alto do método, é
o resultado da assimilação da Palavra de Deus no coração humano. Leva a dar uma
resposta a Deus assumindo compromissos de acordo com a Palavra: “O que o texto me (nos) leva a viver”?A contemplação é o resultado dos três primeiros
passos, é como a seiva de uma planta, é a doçura, o sabor, o que restou da
leitura, meditação e oração. É a hora de fixar o olhar em Deus (Sl 25,15a),
deixando-se abraçar por Ele (Lc 15,20). A contemplação não requer palavras, mas
um silêncio contemplativo. Ela convida a conversão, ao compromisso, ela leva a
ação.
Ir. Solange
das Graças Martinez Saraceni, ICP
REFERÊNCIA:
BIANCO, Enzo. Lectio Divina: encontra Deus na sua
Palavra. São Paulo: Salesiana2009;
CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS
DO BRASIL. A Leitura Orante da Bíblia.
São Paulo: Loyola, 1990;
MESTRES, Carlos; BROLLO, Elda. Leitura Orante da Bíblia: São
Paulo: Paulinas, 2008 (Florder);
ZEVINI,Giorgio. A Leitura Orante da
Bíblia. São Paulo: Salesiana, 2006.
É tempo de olhar além...
De buscar conhecer este Deus que te chama!
A decisão é sua. Mas, podemos ajudar você fazer um discernimento. Procure-nos.
Que sua RESPOSTA seja iluminada pela chama do AMOR
“Segue-me” (Jo21, 19b)