Artigo - Irmã Maria Vieira Feitoza


A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO MATERNA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A função Materna é essencial para a organização psíquica da criança e sua constituição como pessoa. Pode-se dizer que é a partir da organização psicológica desenvolvida no relacionamento com a mãe ou com a sua cuidadora que ela conquista a capacidade de se relacionar com o resto do mundo o que inclui a construção de valores humanos, éticos, morais e religiosos aprendidos através das e nas relações sociais iniciadas no berço familiar e ampliadas no convívio com o “mundo” externo. “O papel da mãe é fundamental para o futuro da sociedade” (D.A.Pag. 280). Durante os anos iniciais do desenvolvimento psíquico, a questão do meio ambiente se resume praticamente à situação de relacionamento entre mãe - filho. Entretanto, não são os aspectos mais formais e visíveis da relação mãe-filho que adquirem importância para a criança, mas sim aquilo que se passa nesta relação mãe-filho que se traduz em vivências afetivas significativas (Gorayeb, 1985). A criança deseja e necessita receber da mãe não apenas alimento, mas também seu amor, compreensão afago e ternura que se expressa através dos cuidados da mãe para com seu filho. A ternura pressupõe três cuidados básicos: O Abrigo, a empatia que garantirá os cuidados a criança; O alimento, avalizar e sustentar o estado nutricional da criança em todas as dimensões; e o bom tratamento, seja um olhar cuidadoso, com afeto amoroso a quem saindo de suas entranhas, é reconhecido como sujeito e diferente e dar a esta a possibilidade e condições viáveis para se individualizar, crescer e desenvolver-se como pessoa. Winnicott (1983), ao falar da mãe suficientemente boa, designou o termo holding que corresponde ao amparo e à manutenção da criança, não somente física, mas também psíquica. É a tarefa materna de sustentar o filho, que além do suporte psicológico, também é um suporte físico, como a de dar colo, afagos ou a troca de fraldas etc. A mãe suficientemente boa tem a capacidade de se adaptar de forma delicada e sensível às necessidades iniciais da criança, estabelecendo uma relação com o ego dela que facilita para a mesma introjetar as suas ansiedades de forma suportável (Winnicott, 1978). No momento em que a mãe falha em sua tarefa de realizar o holding (amparo) isto é, quando a mãe não se torna “boa o suficiente”, a criança pode sentir uma grande aflição, devido à sensação de estar em um estado não integrado, a sensação de não parar de cair e a perda do sentimento do real (Winnicott, 1993). Segundo Bleichmar (1994), quando a mãe investe em seu filho narcisisticamente, através de atos como acariciar o bebê, fixar o olhar em seus olhos durante a amamentação, acomodar sua cabeça e pernas no colo, de maneira tranquilizadora, proporciona-lhe derivações na maneira de satisfazer suas necessidades social, afetiva... A criança adquire capacidade de tolerância à frustração, pois tem o registro do princípio da realidade. Quando ocorrem falhas nesse processo, a criança fica exposto a uma dor constante, ficando apenas o registro de prazer-desprazer, sem tolerância à postergação, ou seja, não suporta esperar. A amamentação é o primeiro tipo de alimentação do recém-nascido e repercute de forma múltipla na mãe, proporcionando um sentimento de proximidade com seu filho. Anda diz que a primeira forma de expressão da função materna ocorre através do leite, e vai se re-significando através de outros objetos, no decorrer de seu desenvolvimento (Jerusalinsky, 1984) A mãe sustenta para o seu filho o lugar de Outro primordial através do seu olhar, gestos e palavras. É importante também ressaltar que o apoio emocional do marido à esposa durante o período da gravidez contribui para uma melhor adaptação desta ao processo de gestação e de auxiliá-la a desenvolver sua função materna mais adequadamente (Brazelton e Cramer, 1992). Para Coppolillo (1990), o pai é um aliado de suma importância para os filhos durante a fase de separação-individuação. A inclusão do pai na relação simbiótica entre mãe-filho é fundamental para o desenvolvimento da autonomia da criança. Assim, o amparo psíquico da figura materna e paterna para com a criança é de suma importância para a constituição do eu, sendo a base principal para todos demais relacionamentos dela com o mundo externo. O sadio relacionamento mãe-bebê representa desse modo, proteção e segurança para a criança, contribuindo essencialmente para o desenvolvimento desta criança. Para fins de estudo, podemos considerar, separadamente, os conceitos de função materna e função paterna. Todos sabem que a mãe (ou a pessoa que cuida) é a pessoa por meio da qual a criança inicia seu contato físico e emocional com o mundo. Considera-se como uma boa relação mãe-bebê aquela em que a mãe possui uma mente capaz de conter os sentimentos de seu filho e, com tranquilidade, dar-lhes significado e sentido. A criança no início da vida, é acometido por terrores, medos e ansiedades. E acaba projetando-os na mãe, que, se puder ser receptiva e compreensiva, terá condições de ajudá-lo a “digerir” esses sentimentos desconhecidos, conferindo-lhes sentidos e livrando-se, assim, de seu domínio enquanto emoções tirânicas. Essa é, resumidamente, a função materna. O que se apresenta como algo aparentemente muito simples é, ao mesmo tempo, muito complexo, porque, para que a mãe consiga ser uma pessoa amorosa, ela mesma precisa ter vivenciado, em sua história pessoal, uma boa experiência afetiva com sua mãe. E, para que ela possa ser capaz de identificar, reconhecer e transformar as necessidades vitais, físicas e psicológicas de seu filho, é preciso que ela tenha tudo isso, ainda que minimamente desenvolvido, dentro de si. Bion chamou de rêverie (reverenciar) esse estado mental que a criança exige da mãe. Tal estado não se restringe somente à mãe. Qualquer pessoa que disponha dessa capacidade amorosa para ouvir, perceber e atender à necessidade manifesta pela criança passa a ser portadora desse estado de rêverie, capacidade de reverenciar-se diante da criança. O próprio pai pode ser essa pessoa. A escola também pode ser uma instituição cuja estrutura contenha elementos necessários para uma boa função materna, se for acolhedora, se puder receber e transformar os sentimentos de amor e ódio que constantemente transitam pelo ambiente escolar, assim como por todas as relações. Quero deixar claro que os limites são necessários e fundamentais em toda situação que estiver desafiando, atacando ou destruindo as relações presentes, e uma compreensão mais aguçada sobre os fenômenos emocionais que podem estar em jogo nisso tudo ampliará, certamente, o domínio exigido. A escola evoluída nesse sentido conta com as duas funções: a materna e a paterna. Ela deve acolher transformar e significar as comunicações emocionais presentes, mas deve, também, desempenhar a lei e favorecer o crescimento e a criatividade. Se em todas as diferentes situações (família, escola, Estado) só há função materna, o desenvolvimento fica limitado. Se, em contrapartida, a função paterna se apresenta com a sua necessária firmeza, porém sem afeto, temos aí uma situação igualmente parcial. O razoável seria pensarmos numa situação de integração dessas funções, contidas numa mesma atitude. E quando falo em afeto, não estou me referindo a um “envolvimento emocional”, mas, sim, a uma atitude que contenha “uma compreensão mínima dos processos emocionais” uma caminhada contínua e gradual com a criança envolvendo todo o contexto familiar. A família, “patrimônio da humanidade”, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos. Ela foi e é escola da fé, palestra de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e é acolhida generosa e responsavelmente. (D.A. Pag. 279)


Ir. Maria Vieira Feitoza.
Psicóloga – CRP 08/06967-2
Daiane Pereira Francisco – Noviça.

Trabalho vocacional



Como são belos os pés do mensageiro, que anuncia a paz. Como são belos os pés do mensageiro, que anuncia o Senhor...

No dia 25 de Abril as irmãs da comunidade Mãe da Igreja da Cidade de Tapejara, realizaram um trabalho de visita a uma comunidade carente desta cidade. O trabalho de visita foi realizado pelas irmãs e as vocacionais acompanhadas pela congregação. Além dá ajuda das meninas alguns leigos também colaboraram com as visitas.

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