FUNÇÃO PATERNA


(Imã Maria Vieira Feitoza. Psicóloga – CRP 08/06967-2)

A ausência da função paterna no contexto da violência juvenil.

Quero iniciar essa colocação propondo para a nossa reflexão a seguinte frase: Que tempos são estes em que vivemos?
As mudanças sociais, culturais e religiosas ocorridas na contemporaneidade mostram uma nova postura da mulher na sua relação com o casamento, a maternidade e o homem, gerando uma nova perspectiva no exercício das funções materna e paterna. Ao se refletir sobre a função paterna, uma das principais questões que se coloca é a de tentar definir especificamente a que esta se refere. As constantes transformações ocorridas no contexto familiar, como o aumento de divórcio, recasamentos, famílias mononucleares, trazem á tona uma discussão ampla sobre a atuação do pai e sobre sua real relevância na educação dos filhos. Assistimos no nosso cotidiano a um fenômeno social e cultural que muito tem nos chamado a atenção: A desvalorização da função paterna. Marin (2002) destaca que “... o lugar da lei, da referência e da ordem tem sido preterido, a pretexto do prazer, do amor, da felicidade, do bem-estar e da criatividade. A “predominância da ideologia do amor”, tem trazido aos pais uma dificuldade de assumir o lugar da lei, de se colocar no lugar de quem frustra, e com isso permitir á criança entrar em contato com sua história dolorosa inerente a existência, o que tem dificultado com que esta possa fazer seu luto, elaborar perdas e se organizar em todas as dimensões do existir. Isto tem sido um dos elementos que temos percebido como alienadores na construção da identidade da criança / adolescente/ jovem. Araújo (2001) argumenta que, a figura paterna designa o princípio da autoridade que sustenta o” fio e a trama” das relações sociais e que esse princípio garante o funcionamento das instituições ou de quaisquer formações coletivas. Quando pensamos em função paterna, algumas tarefas básicas surgem como consenso. Cabe ao pai ser o suporte econômico e emocional da mãe, proporcionando-lhe a tranqüilidade necessária para que ela possa desempenhar seu papel. Ele deve ser aquele que se introduz na relação mãe-filho, com o objetivo de impedir que a relação fusional que os mantém unidos desde o nascimento se prolongue por muito tempo, impedindo o desenvolvimento da individualidade da criança. Ele é o terceiro que entra nesta relação mãe-filho. Por isso ele precisa agir como facilitador de separações, impulsionando o filho a seguir adiante. E a partir deste momento, ele se oferece como um elemento importante e fundamental para a identificação, que antes era um papel restrito á mãe. Agora uma tríade: Mãe-Pai-Filho. O pai é um benfeitor e protetor tem um papel semelhante ao útero; isto é, faz o limite entre o mundo interno e externo, protegendo a família e dando-lhe condições para crescer e desenvolver-se como sujeito. Contudo, quero firmar que o pai só fará parte desta dinâmica, se for introduzido pela mãe, se a mesma permitir. Para tanto é importante e necessário que o pai se predisponha a fazer parte desta relação. É primordial que ele adote afetiva e efetivamente seus filhos, pois sabemos que pais ausentes, muito autoritários ou muito distantes podem favorecer o aparecimento de problemas de personalidade nas crianças, dificuldades na socialização e interação com os companheiros. Hurstel (1999) enfatiza que, o pai é o “sustentador da lei”, do limite, ele está na posição de representá-la para a criança: ele não é a lei, não a faz, ele é o seu representante. Os pais que são modelos identificatórios para os filhos, e os líderes de uma nação podem ser internalizados ou incorporados como modelos de caráter nacional, principalmente pela juventude. Desta forma, Levisky (1997) ressalta: “o enfraquecimento da família intacta vem tendo efeitos negativos sobre os seus elos mais frágeis. Mais do que a escola, a família é a principal responsável pela transmissão social de um sentido de valores que induz os mais jovens a desenvolver suas capacidades morais e cognitivas (...) Nada substitui a presença dos pais que cooperem ativamente na criação dos filhos e valorizem o empenho escolar (...) A família é a primeira, a menor e a mais importante escola”. O exercício da função paterna é considerada como sendo um ancoradouro de valores morais e éticos na vida da criança, adolescentes e jovens, sendo assim, a palavra pai, nesse novo contexto, deixa de representar uma atitude distante e precisa ser substituída pela palavra participação. A necessidade de um guia - função paterna - estaria presente não só no psiquismo individual, mas também nos fenômenos comunitários. Esse mecanismo psíquico, individual ou comunitário, guarda uma ambivalência estrutural: queremos ser livres e queremos ser protegidos. Considero a perda do limite como uma das mais graves perdas que as crianças, adolescentes e jovens vem sofrendo, onde essas referências se tornam confusas por falta de referenciais paternos. A criatividade na infância e adolescência está intimamente ligada á noção de limite. A falta deste impede que a criança ou adolescente exercite sua capacidade de pensar, de ser criativo e espontâneo e impede ainda que o mesmo organize sua mente, pois o limite ajuda nesta organização. Faz-se necessário que ajudemos aos pais resgatarem sua competência, devolvendo-lhes o espaço que eles sempre tiveram ao longo da história na relação com seus filhos, espaço este que dava á criança a ao jovem a liberdade de criar/transgredir, porque tinha a certeza de que o seu ato teria conseqüência, o que favorece o seu espaço de criação de novas normas e regras sociais, que possibilitem grandes e importantes mudanças sociais e culturais .Ser pai é dar espaço para a fala do pequeno outro: dar espaço para que ele possa existir na sua diferença e singularidade. Diferenças e singularidades diante dele mesmo. Daí a termos a idéia de que paternidade (função paterna) tem tudo a ver com o ato da adoção!Ser pai é poder acatar a falta que sempre o outro faz sinalizar a partir dos seus atos. Ser pai, muitas vezes, significa abandonar as marcas nocivas, e prejudiciais, herdadas dos pais que cada um teve na sua história. Função paterna aponta para a possibilidade e abertura para a criação do novo. Falar de pai, ou da função paterna significa, também, falar do fato que o ser pai pode, e deve, sempre, andar de mãos dadas com o amor, a doçura, leveza, ternura e a singeleza. Paternidade é dar lugar para o feminino, sem que isso venha significar ser mulher!

Imã Maria Vieira Feitoza.

FAMÍLIA



Família: espaço sagrado da paz, e da manifestação da vida nova em Deus.

Anseios de vida nova, busca de um sentido para a própria existência, medo da morte enquanto fracasso esperança do amor que tudo renova... Tudo isso encontra sua razão de ser na ressurreição de Jesus. Ela é o dinamismo que impulsiona a vida e ação de nossas famílias, e de cada um de nós, que se comprometem com Cristo, de modo que se realize hoje a prática de Jesus de Nazaré. A ressurreição de Jesus é demonstração de como pode ser plena a vida de todos os cidadãos e famílias que se empenham em transformar nossa sociedade profundamente marcada pelas desigualdades, o que exprime uma sociedade excludente. Diante do projeto de vida e missão de Jesus, somos convocados a reavaliar nossas práticas cotidianas e verificá-las se de fato se embasam no processo de inclusão proposto por Jesus. A páscoa é a festa da inclusão por excelência. Em Jesus Cristo toda a família humana foi redimida. É nele que se planifica o dialogo de Deus com a humanidade. Pensar na família é pensar no Deus que se fez humano para nos humanizar. E neste sentido, tomar a refeição juntos é sinal de comunhão e partilha; gesto este que, evidencia uma relação vital e existencial com Jesus. Jesus vive também esse clima familiar com os seus. Contudo, deixa bem claro que, tomar a refeição juntos, significa necessariamente dar a vida sob a forma de serviço. ”onde todos são por um, e um por todos”. (Pe. Zezinho). Com efeito, celebrar a páscoa do senhor, em família, na família e com a família é poder experimentar já aqui neste mundo a vida em comunhão com a família trinitária, que se revela através da harmonia perfeita, paz em plenitude, amor pleno que une e reúne as pessoas, uma utopia possível. È no seio da família (saudável) que o ser humano aprende a ser “verdadeiramente humano”. A experiência do perdão, da partilha, da correção fraterna, do acolhimento, do amor, das alegrias e tristezas vividas em família forma o ambiente privilegiado e insubstituível para desenvolver a cultura da paz. Assim, as relações familiares, embora muitas vezes não sem dificuldades, devem contribuir eficazmente para o aprendizado da superação de problemas e conflitos, e o desenvolvimento de uma mentalidade em favor da e pela paz. Seguindo este itinerário, gostaria de enfatizar que, nas últimas décadas, tivemos a desventura de ver terríveis acontecimentos que marcaram a família no Brasil, desde simples questões de convivência até sua base conceitual transformada por uma forte crise de valores. Igualmente somos interpelados pelo Evangelho. Considerando a centralidade de nossa fé, o mundo precisa saber quais são os pilares da instituição familiar e reassumir esses pilares, se quiser, um dia, pensar em paz, justiça, fraternidade e inclusão. È sabido por todos, e não precisamos ser especialistas para constatar o vínculo entre a atual situação da família e questões ligadas á violência e falta de amor e sensibilidade pelo outro. Essa responsabilidade e co-responsabilidade são colocadas á frente de todos e todas pela campanha da fraternidade deste ano, que não deve encerrar na páscoa, mas ser uma postura de vida que possa permear a nossa vida e missão. Seguindo esta linha de pensamento quero trazer aqui o sentido da expressão Shalom. Significa: Saúde, prosperidade, bem-estar geral, físico, psíquico, espiritual e social enfim, bom relacionamento entre o ser humano e Deus. È uma condição de liberdade, vivenciada externamente como uma ausência de guerra ou de inimigos, ou internamente, equilíbrio, coerência de vida, prudência, alegria e outros. A falta de Paz destitui a pessoa de sua condição de sujeito. Por isso levantemos a bandeira da justiça e da paz tão sonhada e deseja pelo nosso amado Deus. Uma santa e abençoada páscoa para todas as famílias de nossa cidade.



Irmã Maria Vieira Feitoza
Psicóloga - CRP -08/06967-2

Pastoral do Menor - Fundação a nivel nacional




A Pastoral do Menor tem seus inícios na cidade de São Paulo, no ano de 1977 tendo como missão a “promoção e defesa da vida da criança e do adolescente empobrecido e em situação de risco, desrespeitados em seus direitos fundamentais” . A partir de 1982, com a realização das Semanas Ecumênicas em São Paulo, iniciativa da Pastoral do Menor, a organização foi ganhando força e se enraizando em outras cidades e estados brasileiros. Em 1987, com a Campanha da Fraternidade da CNBB, que trazia como tema “A Fraternidade e o Menor” e como lema “Quem acolhe o menor a mim acolhe”, essa pastoral ganhou um novo impulso. Está presente hoje em 21 Estados da Federação.

“A Pastoral do Menor se propõe, à luz do evangelho, estimular um processo que visa à sensibilização, à conscientização crítica, à organização e à mobilização da sociedade como um todo, na busca de uma resposta transformadora, global, unitária e integrada à situação da criança e do adolescente empobrecidos e em situação de risco, promovendo, nos projetos de atendimento direto, a participação das crianças e adolescentes, como protagonistas do mesmo processo.”

Na terceira Assembléia Nacional da Pastoral do Menor foi destacado como eixos fundamentais da prática: Mística - Solidariedade - Justiça - Organização.


Mística: A Mística é a força do Espírito da Vida agindo em nos, que dá entusiasmo e animo para o trabalho. É uma espécie de motor secreto do compromisso do agente com as meninas e meninos empobrecidos, que sustenta sua esperança e dá forças para continuar agindo. A Mística é o modo de ser, de pensar e de agir que faz com que o agente se sinta envolvido constantemente com uma causa que é essencial, um motivo que impulsiona a ação, a vida... A Mística da Pastoral do Menor é esse motivo escondido que responde à pergunta: "Porque faço aquilo que faço?" É através de sua mística que a Pastoral do Menor se manifesta como presença da Igreja na defesa da vida. Essa aproximação torna a presença da Graça libertadora algo concreto, histórico. É o lado divino presente no mundo da dês-graça para libertá-lo.

Solidariedade: A Solidariedade é a expressão de uma atitude de presença amiga, de serviço, de quem possui um coração que se compadece com o sofrimento das crianças e dos adolescentes, porque os sente como seus. A Solidariedade é a expressão da mística que se faz ação em favor dos excluídos. Ela é a resposta ativa da Igreja na sociedade de exclusão. A Pastoral do Menor encontra na Solidariedade a motivação mais profunda do engajamento que pauta a fé crista; é a fé concretizando em obras. Significa trabalhar também para que a sociedade reconheça que todos os seres humanos possuem direitos naturais. São trabalhos que testemunham o amor misericordioso do Pai. Na linha da Solidariedade enquadram-se as Áreas de Ação da Pastoral do Menor.

Justiça: A Justiça é a virtude que regula as relações pessoais permitindo que cada pessoa seja tratada com total dignidade e valor transcendental. Ela exige o justo ordenamento dos bens comuns na sociedade e proíbe as desigualdades humanas, especialmente em se tratando daqueles que não têm condição de se defender. A Justiça busca a igualdade para todos. Portanto, toda situação que fere os direitos e a dignidade fundamental da pessoa é injustiça, vai contra o projeto e a vontade de Deus. Ao longo de toda a história da bíblia, a justiça tem designado freqüentemente o exercício desta virtude aos juizes e tribunais (Dt 16,18). De modo particular, o rei, tem a missão de exercer a justiça no meio do povo (Pr 16, 13). Os profetas clamam contra as injustiça cometidas por reis e juizes que oprimem os pobres, lembrando que essas injustiça, constituem ofensa à própria santidade de Deus (Am 5,7- 15). No Novo Testamento, a Justiça se concretiza em dois sentidos fundamentais: seja na realização do Reino de Deus, inaugurado por Jesus, seja na atuação ética da pessoa humana conforme a vontade de Deus. Jesus é aquele que manifesta a justiça do Pai e em toda a sua vida pública. Ele é o mestre que ensina a justiça por meio de palavras e ações, e motiva a comunidade a lutar pela justiça que liberta a todos.

Organização: A Organização se expressa no conjunto das Áreas de Ação e dos Serviços, com as estruturas necessárias para seu funcionamento, sua articulação, sua sustentação e a divulgação da Pastoral do Menor. A Organização visa superar medidas puramente técnicas, assistencialistas e paternalistas, estimulando as potencialidades humanas das crianças e adolescentes, num processo formador para o exercício pleno da cidadania e dos direitos humanos.

Pastoral do Menor - Entidade criada juridicamente e acompanhada pelas Irmãs de Cristo Pastor


A Associação Assistencial e Promocional Nossa Senhora Pastora, foi criada no ano de 2002, e tem como principal objetivo tirar crianças e adolescentes das ruas oferecendo alternativas ocupacionais capazes de fazê-los sair da ociosidade em que se encontram. Na entidade, eles participam de atividades que visam o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e artístico bem como sua inclusão social por meio de oficinas de aperfeiçoamento sendo elas: artesanato, computação, artística, esportes,recreação livre e arte educação.As ações desenvolvidas pela Associação Assistencial e Promocional Nossa Senhora Pastora vão desde o encaminhamento a rede de atendimento em defesa dos direitos da criança e do adolescente, até atividades de abordagem educativa, sendo realizada avaliação mensal por meio de relatórios de cada monitor das oficinas específicas.Sua missão é de evangelizar e prestar atendimento sociais as crianças e adolescentes, bem como de seus familiares vitimas de exclusão social, através de um processo que visa a sensibilização crítica, organização e mobilização da sociedade como um todo, criando condições para garantia dos direitos fundamentais.

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